por Edna Reis
Vivemos constantemente presas ao passado ou ao futuro e esquecemo-nos de viver no presente. Mas a questão é seguinte: temos de aprender a largar, temos de libertar as coisas de que já não precisamos, as coisas que nos magoaram, as coisas que já não vamos experienciar. Todas sabemos isto; já todas lemos livros ou deparámos com uma citação sobre o assunto. A psicologia tem vindo a mostrar-nos os factos sobre os perigos de vivermos presas ao passado e ao futuro.
Naturalmente, sendo eu própria psicóloga, não posso simplesmente dizer-lhe para se livrar de tudo e seguir em frente. É preciso estar ciente de que se os seus pensamentos estão a interferir com a sua vida diária, é possível que o que quer que tenha acontecido no passado e causado um impacto tão devastador na sua vida, a tenha deixado com trauma, e que esse trauma tenha levado a um estado de saúde mental como TEPT, ansiedade ou depressão. Portanto, a melhor coisa a fazer é procurar a ajuda de um profissional de saúde mental.
Mas estou a falar de coisas que podemos esforçar-nos para fazer por nós próprias, pela nossa boa vontade e depois do autotrabalho.
Experimente a terapia da escrita:
Reserve um momento para pense em todas as más experiências, medos, pensamentos repetitivos que está continuamente a escolher, coisas que a limitam e impedem de experienciar verdadeiramente coisas novas. Anote. Tudo. Tente fazer um scan ao corpo, um scan à mente, um scan à vida. Que a sua terapia comece aí, com uma caneta, um papel e você própria. Faça-o pelo menos uma vez por dia, e começará a obter bons resultados com esta prática. A escrita terapêutica regular pode ajudá-la a encontrar sentido nas suas experiências, ver as coisas de uma nova perspetiva e a ver o lado bom das suas experiências mais stressantes ou negativas. Pode também descobrir informações importantes sobre si e o seu ambiente que podem ser difíceis de determinar sem uma escrita focada.
Experimente a atenção plena:
Esta prática ancestral pode ser realizada a partir do momento em que acordamos até ao momento em que nos deitamos, e é, ao mesmo tempo, poderosa e terapêutica. Não precisa de virar monja, deixar tudo para trás e viver na floresta. A atenção plena consiste em levar a mente para onde quer que o corpo esteja e viver esse momento com compaixão e abertura. É uma ferramenta poderosa contra o impulso de viver no futuro. Ajuda-a a ter uma atenção indivisível ao momento em que se encontra e a acarinhar cada respiração e cada lição que a vida tão gentilmente nos apresenta a cada minuto do nosso dia. Pode praticar a atenção plena respirando profundamente depois de acordar; prestando atenção às sensações do seu corpo quando está no duche enquanto a água toca o seu corpo; saboreando cada golo do seu chá ou café, e estando totalmente presente enquanto completa as suas tarefas profissionais.
Por mais benéficas que pareçam estas duas práticas, pode ser difícil começar. Afinal, não é fácil dar início até aos bons hábitos mais básicos! Mas com esforço, vontade de superar as nossas dificuldades e uma boa dose de compaixão pessoal, quando der o primeiro passo para assumir o compromisso de o fazer numa base diária, será bem-sucedida.
A Edna Reis é psicóloga e a fundadora e diretora executiva de bem-estar da Active Wellness, em Angola, uma empresa que tem como missão ajudar as empresas a ter uma força de trabalho com boa saúde mental. Como psicóloga, considera fundamental conversar e fazer esforços para cuidarmos da nossa saúde mental, pois esta é uma parte integrante do bem-estar geral de cada pessoa e da sociedade em geral. Ela acredita que a estabilidade psicológica de cada pessoa promove a estabilidade da sociedade como um todo.